A função do bibliotecário de referência nas revisões de literatura em ciências da saúde

prática, necessidade, apoio e inspiração

Roberto José Gervásio Unger [1]

Universidade Federal do Rio de Janeiro

roberto_unger@iesc.ufrj.br

 

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Resumo

O bibliotecário de referência é o profissional da informação habilitado para atendimento ao usuário e suporte à pesquisa, este papel ganha contornos estratégicos com a intensidade da demanda das necessidades informacionais, a atualização e capacitação profissional dos usuários frente ao cenário das tecnologias da informação e comunicação. Destaca a atuação deste profissional na área das ciências da saúde como agente educador incorporando sua habilidade na estratégia de busca e recuperação da informação em fontes de informação especializadas para apoio na educação continuada. Apresenta alternativa de método e técnica de estudo na elaboração de revisão da literatura para o aprimoramento profissional.

Palavras-chave: Bibliotecário de referência. Necessidades informacionais. Pesquisa bibliográfica. Educação continuada. Atualização profissional.

THE ROLE OF REFERENCE LIBRARIAN IN HEALTH SCIENCES LITERATURE REVIEW

practice, need, support and inspiration

Abstract

The reference librarian is the professional qualified to serve the user and support research, this role gains strategic contours with the intensity of demand for informational needs, the updating and professioal training of users in the context of information and communication technologies. It highlights the role of this professional in the knowledge area of health sciences as an agent for education, incorporating its skill in the strategy of searching and retrieving information from specialized information sources to support continuous education. It presents an alternative study method and technique in preparing a literature review for professional improvement.

Keywords: Reference librarian. Information needs. Bibliographic research. Continuing education. Professional update.

1  INTRODUÇÃO

A proposta do estudo é mostrar uma faceta dos serviços das bibliotecas que é realizada na dinâmica de trabalho do bibliotecário de referência. Esta dinâmica de trabalho está intimamente relacionada com o apoio aos pesquisadores nas revisões da literatura especializada. A necessidade da precisão na estratégia de busca para a revisão da literatura compreende várias performances – tangíveis e intangíveis – sobrepõe o desígnio do mero atendimento e perpassa os dados estatísticos dos relatórios de gestão de dados. A dinâmica desta atividade específica está relacionada com a presteza, utilidade, técnica, empatia, prática, raciocínio lógico, contentamento e satisfação.

A atividade do serviço de referência tem início na democratização da educação nos Estados Unidos onde as bibliotecas comunitárias passam a atender usuários pouco afeitos aos registros bibliográficos originando e criando, dessa forma, este atendimento especializado. Esse modelo de atendimento nas bibliotecas se estende no correr do tempo e ganha substancial importância com o crescimento da informação, das fontes da informação, e, principalmente, da autonomia dos usuários frente a estes complexos desafios.

As necessidades informacionais e a questão da atualização e capacitação profissional também se apresentam como um novo degrau ou patamar para o usuário de informação. Em outra esfera, notadamente na área das ciências da saúde, emerge a possibilidade da educação continuada em saúde, o que, por si só, provoca incremento da procura pelas bibliotecas e serviços de referência e, também, de novas abordagens e técnicas de estudo para o consequente aprimoramento e aproveitamento de todos os recursos que as bases de dados especializadas e a vasta literatura compreendem.

A procura para a atualização e capacitação profissional pode exigir por parte do usuário e do bibliotecário de referência uma aproximação com novas abordagens e técnicas de estudo, para tanto, destacamos, de forma sucinta, a categorização, a representação da informação, as evidências e a síntese como forma de organização de textos e a elaboração de metatextos como produto final dos estudos. Neste cenário o bibliotecário de referência torna-se um educador.

 

2  Bibliotecário de referência: cordial e curioso

O bibliotecário de referência é o profissional que promove a relação entre “acervo / informação” e a sociedade. Green (1876), em um clássico paper destaca algumas qualidades mentais que este profissional deve possuir: simpatia, cortesia, entusiasmo e paciência. Instrução ao leitor, auxílio ao leitor nos questionamentos, apoio na seleção das obras e promover a biblioteca na comunidade são os quatro componentes que Green aponta para o serviço de referência nas bibliotecas.

Beck (2010), afirma que independentemente de quais sejam as questões e dúvidas, uma resposta educada, amigável e rápida é fundamental para causar boa impressão na relação biblioteca e usuários. 

O serviço de referência nas bibliotecas ganha volume e consistência no final do século XIX quando da democratização do sistema educacional nos Estados Unidos que entendem que as bibliotecas públicas seriam fundamentais na consolidação da sedimentação pedagógica necessária à população não familiarizada com o conhecimento registrado (SANTIN, 2020).

O intrínseco comprometimento biblioteca & sistema educacional reserva ao longo dos tempos nuances de engajamento evidenciados pela importância que as bibliotecas conseguiram alcançar com as suas práticas de coleta, tratamento, organização e disponibilização do conhecimento e informação.

Para além do contexto da massificação do sistema educacional, salientamos os aspectos sociais, econômicos, profissionais e culturais e, bastante evidente, os avanços tecnológicos que influenciaram no incremento das necessidades informacionais dos usuários, acentuando, dessa forma, a atuação das bibliotecas.

Esse conjunto de fatores envolve, de forma sistemática e metódica, a prática profissional do bibliotecário de referência que, por questões sociais, inclusive, passa a se dedicar ao coletivo com o intuito de promover a capacitação do usuário através da alfabetização informacional. Ortega y Gasset, (1967, p. 68 apud CAMPELLO 2010, p. 85), enfatiza que ao entender e, consequentemente, se comprometer com as necessidades informacionais da sociedade – que vão além do livro -, a biblioteca é coletiva e se interpõe como agente de educação.

Grogan (1995 apud RIBEIRO; VETTER, 2008, p. 11), descreve o processo ou entrevista de referência composto por oito etapas: problema – quando o usuário precisa de atendimento do bibliotecário; necessidade de informação – vaga e imprecisa, em determinados casos; questão inicial – o tema da pesquisa está formado e as questões iniciais são formuladas visando a consolidação das respostas aos questionamentos; questão negociada – o bibliotecário de referência recebe as questões e estabelece a importância em todas as fases do processo; estratégias de busca – na primeira etapa faz-se uma análise minuciosa do tema em questão, identificando os conceitos e suas relações, buscando conexões com a  linguagem do acervo, verificando quais as fontes serão consultadas e em que ordem serão utilizadas (categoria e acessibilidade); processo de busca – realiza-se a busca bibliográfica pontuando ajustes e adequações na estratégia de acordo com as fontes; resposta – o resultado da busca é obtido; solução – os questionamentos e necessidades do usuário são atendidos.

As necessidades informacionais são tão ou mais fortes e prementes que as necessidades fisiológicas (LE CODIAC, 1996; FIGUEIREDO, 1996), e estas necessidades são rigorosamente seletivas. Nosso argumento é que ninguém procura uma biblioteca para ler uma coleção inteira, mas em busca de algo pontual, frequentemente algo que satisfaça um conjunto de necessidades informacionais individualizadas.

Santin (2020), descreve como funções essenciais da referência: informativa, atendimento a consulta dos usuários com relação a informação; consultiva, orientação na seleção e uso de fontes de informação; instrutiva, educação de usuários, ensino e alfabetização informacional; comunicativa, comunicação, divulgação e relações com a comunidade.

Parece óbvio que o conjunto destas funções é o propulsor que movimenta a práxis da referência, entretanto vamos nos deter na função instrutiva como uma das principais ferramentas dentro das universidades a partir da segunda metade do século XX (RADER, 2000).

A função instrutiva atribui ao bibliotecário de referência um papel de educador, os avanços tecnológicos (internet, tecnologias de informação e comunicação), e os ambientes de informação (bases de dados eletrônicas), exigem deste profissional esmero, eficácia, prática, a capacidade de atender às necessidades informacionais no ensino individual, e da coletividade, em programas de educação de usuário, alfabetização informacional e apoio ao ensino, principalmente em nível acadêmico (SANTIN, 2020).

A Association of College and Research Library – ACLR (2017), evidencia o papel de educador dos bibliotecários dando destaque ao termo “teaching librarians” ao anterior “instructor librarians”.

 

3 O volume de produção CIENTÍFICA, ATUALIZAÇÃO e capacitação profissional, e a educação continuada em saúde

A necessidade de manter-se informado somada ao volumoso número de potenciais fontes de informação resultantes da produção científica, notadamente um crescimento tanto quantitativo quanto qualitativo, obriga os pesquisadores e profissionais da saúde a buscarem soluções eficazes para dirimir e suprir a desatualização dentro de suas respectivas áreas do conhecimento.

Para Antunes e Lopes (2020), é humanamente impossível, na atualidade, um profissional de saúde conseguir acompanhar todo o conhecimento científico publicado na sua especialidade. Rada (2019 apud ANTUNES; LOPES, 2020), pontua que o volume de informação em saúde aumentou drasticamente, existem mais de 35.000 revistas médicas e são publicados anualmente quase 20 milhões de artigos.

E, pelo que se observa, esta não é uma atividade isolada e pessoal, pelo contrário, na própria natureza da necessidade de atualização e capacitação profissional, as agências governamentais concretizaram a possibilidade da educação permanente em saúde através da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS), como estratégia do Sistema Único de Saúde - SUS para a formação de mão de obra especializada (BRASIL, 2004a). Foram editadas duas portarias: a GM Nº198/2004 (BRASIL, 2004b), e a GM Nº 1.996/2007 (BRASIL, 2007), valorizando a necessidade da ação educativa realizada nos processos de trabalho coletivo e a importância da formação técnica específica (COSTA, 2006).

As tomadas de decisões se dão na prática laboral do pessoal de saúde, não importa a profissão, o que conta é a necessidade da atualização das práticas clínicas, modalidades de terapias, ou seja, a prática baseada em evidências delega ao profissional da saúde escolher a intervenção necessária nos casos determinados. A Prática Baseada em evidência (PBE), tem sua origem na Medicina Baseada em Evidência (MBE), e estes processos têm por fundamento o consenso das evidências mais relevantes contidas na produção científica organizadas nas bases de dados e auxiliam na estruturação das tomadas de decisão.

O termo “baseado em evidência” implica o uso e aplicação de pesquisas como bases para a tomada de decisões sobre a assistência à saúde (GALVÃO; SAWADA; MENDES, 2003; SANTOS; PIMENTA; NOBRE, 2007; MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

Dessa forma, a necessidade da pesquisa bibliográfica torna-se evidente, seja em função da capacitação, bem como também pela atualização profissional. E esta demanda, consequentemente, será, de uma forma ou outra, sentida pelas bibliotecas nas solicitações e atendimentos diversos e a tendência de crescimento é mostrada em números. Tomemos como exemplo a Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Centro de Ciências da Saúde, são oferecidos vários cursos de graduação, especialização, pós-graduação e extensão desta área específica do conhecimento (UFRJ, 2021). O BAGER  – banco de dados e gestão do Sistema de Informação e Bibliotecas da UFRJ (SiBI), faz a consolidação dos dados específicos no tocante à atividade de referências das bibliotecas do sistema, bem como vários outros importantes dados consolidados.

4 A práxis das revisões da literatura – a visão do bibliotecário de referência

Nesta seção, cabe uma reflexão que permeia o cotidiano da prática do bibliotecário de referência. Estamos, a todo momento, nos aprimorando na elaboração das estratégias de busca nas diversas bases de dados em ciências da saúde por meio das apresentações e utilidades que as editoras científicas promovem através de treinamentos. Para o refinamento da técnica da pesquisa bibliográfica, o profissional deve estar sempre atualizado.  A técnica será deveras necessária nas oportunidades que surgem no apoio à pesquisa dos grupos de iniciação científica, apoio na elaboração das estratégias de busca de pesquisa dos discentes da graduação e pós-graduação, a colaboração com os cursos dos programas de extensão, e, sobretudo, na promoção dos treinamentos de pesquisa bibliográfica em bases de dados.

A necessidade do aprimoramento na prática da pesquisa bibliográfica deve-se, fundamentalmente, em grande parte ao atendimento das diversas e variadas demandas dos usuários que, a cada momento, tornam-se mais frequentes e prementes. Ora, por que não afirmar que existe um desafio na “entrevista de referência” com o usuário; o profissional bibliotecário – se, como dizem – é o elo da informação e conhecimento com a sociedade, é neste instante é que ele deverá assumir o seu papel de “gatekeeper” (QUEIROZ; ARAÚJO, 2020, p. 133, 138).

Para o bibliotecário de referência, por conta da experiência com técnicas de busca e recuperação da informação, bem como levando em consideração a estrutura cumulativa de informação e conhecimento frutos da produção científica, é muito provável que ele identifique as revisões da literatura como um método de pesquisa. Essa afirmativa é baseada em experiência pessoal e fortemente amparada pela literatura (ROMAN; FRIEDLANDER, 1998; MOREIRA, 2004; WHITTEMORE; KNAFL, 2005; MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008; SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010; CARVALHO, 2019; ANTUNES; LOPES, 2020).

O aspecto vocacional é, primeiramente, em função do crescimento exponencial da produção científica na área da ciências da saúde e, na mesma importância, a possibilidade da criação de métodos e dispositivos capazes de agregar e sintetizar o conhecimento "disperso" na literatura. Neste contexto, entendemos que as bases de dados são fontes de informação que coletam, tratam, organizam e disponibilizam objetos potencialmente informativos (BUCKLAND, 1991), o que corrobora a necessidade de entender a prática de funcionamento destes dispositivos com alta qualidade de informação. Nessa perspectiva, cabe ressaltar a qualidade da informação contida nas bases de dados indexadas, se a fonte é duvidosa, ou seja, sua origem é desconhecida, a informação é imprecisa, incompleta, inconsistente, irrelevante e não tem valor agregado (validação científica), pormenores que podem afetar diretamente o resultado do trabalho científico (ORNELLAS; TAKAOKA, 2012, p. 145).

Vamos tomar como norte a elaboração de um trabalho científico que necessita estabelecer os objetivos da pesquisa para a estruturação da pesquisa, em seguida, é fundamental, dentro da análise do objeto de pesquisa, reconhecer o “aspecto cumulativo do conhecimento científico acerca do tema”, ou seja, os avanços e limitações das pesquisas pregressas. Com base nesta demanda ou situação específica é muito conveniente pensar em uma revisão da literatura (COOPER, 1982; MOREIRA, 2004).

O reforço na hipótese de considerar a revisão da literatura como opção para a atualização e capacitação profissional é evidenciado pelo aspecto sumarizador desses estudos, ou seja, como também pela análise da literatura, a faceta dinâmica da possibilidade de novas compreensões, novos relacionamentos, novas evidências que as revisões da literatura permitem. Para o reconhecimento, construção e entendimento do significado de novas compreensões, relacionamentos e evidências, apontamos um caminho com base em nosso estudo e pesquisa sobre categorizações.

A categorização é uma atividade complexa e desafiadora, na leitura analítica dos textos recuperados pela pesquisa bibliográfica os dados encontrados (ainda não são informações), devem abranger a amostra do estudo (sujeitos), os objetivos, a metodologia empregada, resultados e as conclusões de cada estudo. As categorias, para Vosgerau e Romanovski (2014), identificam em cada texto e no conjunto deles as facetas nas quais o tema do objeto de estudo está sendo analisado e estudado. Para Thiry-Cherques (2012), a categorização não é um procedimento natural, mas sim um esforço intelectivo de compreensão. Também na pesquisa científica os conceitos não são naturalmente vinculados a um significado: eles têm o significado que lhes foi dado, mas precisam ser revistos e recategorizados constantemente.

Cabe ressaltar os sólidos estudos sobre representação da informação na atividade biblioteconômica (categorização), particularmente no processamento técnico, concebidos por Ranganathan  (1892-1972), e cristalizados por Foskett (1973), Araújo (2006),  Dahlberg (2014), Gomes; Campos (2016), entre outros.

As evidências, por sua vez, eram entendidas entre os epicuristas como critério de verdade; não são fatos subjetivos, mas sim objetivos (ABBAGNANO, 2003). A revisão da literatura delimita etapas metodológicas concisas e propicia utilização das evidências elucidadas em inúmeros estudos (COOPER, 1982).

O que se busca e se pretende é a reunião destes dados (categorias e evidências), visando, oportunamente, a elaboração da síntese. A síntese, resultado da leitura analítica dos estudos pesquisados, é construída e reunida através da ordenação e sumarização das categorias e evidências dispostas e dispersas nos documentos recuperados.

Esta construção é obtida por meio da análise que não é de forma alguma aleatória. Kant  (B102, B103, p. 108-109, 2001), entende que a síntese reúne os elementos para os conhecimentos e os une em um determinado conteúdo, "a síntese pura, representada de uma maneira universal, dá o conceito puro do conhecimento".

 

5 Método de estudo – alternativa de aprimoramento

A necessidade da informação contida na produção científica das áreas do conhecimento, preconizada pela emergência da atualização e capacitação profissional é apenas o início de um longo processo, que passa pela construção das estratégias de busca, a recuperação dos documentos nas bases de dados, a seleção dos documentos, a organização e planejamento do método de estudo a ser considerado são atividades que se estabelecem nos anseios do usuário ou pesquisador.

Na faina bibliotecária, podemos, como pretendemos demonstrar, o que pode ser considerado como método de estudo. Em um primeiro momento procuramos identificar qual a finalidade do estudo, em seguida o objetivo geral e, nessa perspectiva, podemos apontar o método de estudo. A percepção da leitura analítica, depois de os documentos terem sido selecionados é bastante plausível pois é facilitadora no que diz respeito a busca pelas categorias e evidências.

A estratégia consiste, basicamente, em organizar as categorias e evidências em planilhas identificando primeiramente os elementos essenciais das referências bibliográficas dos documentos analisados e a seguir as categorias e evidências em colunas previamente organizadas. Na planilha são consideradas “semelhantes”, os estudos cujas categorias e evidências são parecidas (abordagem metodológica, população de estudo, fatores socioeconômicos, pesquisa qualitativa, pesquisa quantitativa, patologia, sintomatologia são alguns exemplos de identificação de categorias, entre inúmeros outros). A planilha cumpre a função de organizador e estruturador dos estudos analisados.

E é bastante instrutivo considerar a possibilidade da construção de um metatexto como produto final dessa etapa do estudo, seria um texto descritivo / interpretativo de todo o resultado da leitura analítica e dos fichamentos (embutidos na planilha das categorias e evidências). O metatexto, nesse sentido, seria o texto resultante dos estudos protagonizados utilizando as categorias ou evidências mais presentes no texto como “leitmotiv” (fio condutor), na elaboração da redação científica.

 

6 Considerações finais

Pretendemos estabelecer neste estudo como práxis da atividade de referência nas bibliotecas uma construção conjunta entre usuário e o profissional da informação com o objetivo da organização metódica e planejada para os estudos visando a atualização e capacitação profissional.

Ora, esse esforço é conjunto, aparentemente, mas a iniciativa das ações tem como ponto central a atuação do bibliotecário. Por definição a razão pode estar relacionada com a habilidade para o manejo das estratégias de busca, operadores boleanos, linguagem natural (palavras-chave), linguagem controlada (descritores, unitermos), construção das chaves de busca, conhecimento das bases de dados específicas e a recuperação da informação nos repositórios informacionais e institucionais. Além disso, demonstrar a importância da qualidade da informação que estão contidas nas bases de dados indexadas.

Mas não basta somente, no nosso entendimento, planejar as estratégias de busca da recuperação da informação. A função pode ser mais eficaz se tentarmos, como profissionais da informação, criar possibilidades para o fichamento dos textos, apontando partes substanciais dos textos que são contempladas pelas categorias e evidências das obras científicas.

Cabe salientar a necessidade de abordar o plágio acadêmico como questão de extrema importância em função das ações educativas e punitivas que permeiam esse processo (BRASIL, 1998; FAPESP, 2014), apontando soluções simples e práticas como a referenciação bibliográfica das fontes externas utilizadas no estudo.

Os esforços teóricos e intelectivos para esta tarefa são desafiadores, mas pensamos que o caminho fique melhor iluminado se pudermos, além do manejo na estratégia de busca, também apontar estratagemas para os métodos de estudo. Neste cenário o bibliotecário de referência torna-se um educador.

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[1] Bibliotecário- Documentalista da Universidade Federal do Rio de Janeiro / Centro de Ciências da Saúde / Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (UFRJ/CCS/IESC). Mestre em Ciência da Informação pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia em parceria com a Universidade Federal Fluminense (IBICT/UFF)